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Security cooperation in the Arctic after Ukraine: how the war affected the security dilemma in the polar region

O agravamento das tensões entre Rússia e países ocidentais após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, gerou impactos significativos na dinâmica de cooperação no Ártico, tradicionalmente pautada por uma lógica de excepcionalismo regional. A militarização crescente e a reconfiguração das alianças, especialmente com a entrada da Finlândia e da Suécia na OTAN, colocaram em xeque a ideia de que o Ártico poderia permanecer imune às disputas geopolíticas globais.

No artigo “Security cooperation in the Arctic after Ukraine: how the war affected the security dilemma in the polar region”, o pesquisador Getúlio Alves de Almeida Neto, membro do CIRE e vinculado ao programa San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP), analisa como o dilema de segurança entre a Rússia e os países ocidentais se intensificou na região polar. A pesquisa revisita a literatura sobre o conceito de dilema de segurança, examina documentos estratégicos dos Estados Árticos e se debruça sobre reportagens recentes para entender como as ações mútuas passaram a ser interpretadas como ameaças, aprofundando o abismo diplomático.

Leia o artigo completo aqui.

Trump ambiciona a Groenlândia para fazer frente à presença russa e chinesa na região

No dia 27 de janeiro de 2025, Getúlio Alves de Almeida Neto, membro-fundador do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), publicou uma análise no The Conversation sobre o interesse renovado de Donald Trump na Groenlândia e sua relação com a presença russa e chinesa no Ártico.

O artigo explora a estratégia dos EUA para a região, as disputas geopolíticas entre Washington, Moscou e Pequim, e os possíveis desdobramentos da abordagem de Trump, que considera até mesmo coerção econômica ou militar para adquirir a ilha.

Confira a análise completa para entender como o Ártico se tornou um novo palco de rivalidade entre as grandes potências.

Zelensky cobra proteção da Otan para negociar fim da guerra com a Rússia

No dia 2 de dezembro de 2024, o pesquisador Tito Lívio Barcellos Pereira, doutorando pelo Instituto San Tiago Dantas e membro do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), analisou no Correio Braziliense as recentes declarações de Volodymyr Zelensky sobre a necessidade de proteção da OTAN para negociar o fim da guerra com a Rússia. Pereira destacou que o pronunciamento do presidente ucraniano reflete a impossibilidade de reconquistar militarmente territórios ocupados e anexados pela Rússia, incluindo Crimeia, Donetsk e Lugansk.

Para saber mais, clique aqui: Zelensky cobra proteção da OTAN para negociar fim da guerra com a Rússia, diz especialista.

Leia aqui a versão impressa:

A09-MUN-0212-DIG.pdf.crdownload

Quais são as chances atuais de forças russas atacarem a Finlândia, Suécia ou Noruega?

No dia 23 de novembro de 2024, Hector Luis Saint-Pierre e Getúlio Alves de Almeida Neto, membro do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), publicaram uma análise no The Conversation sobre as tensões crescentes entre a Rússia e os países nórdicos.

O texto aborda como a percepção russa sobre a expansão da OTAN influencia a dinâmica de segurança na região, além de explorar os preparativos de Suécia, Noruega e Finlândia para situações de crise e guerra.

Confira a análise completa para entender os desdobramentos estratégicos e o impacto do paradoxo da segurança nas relações internacionais.

‘Padrão OTAN’ dificulta resposta ucraniana e garante avanço russo recorde em Donbass, diz analista

No dia 7 de novembro de 2024, Pérsio Glória de Paula, membro do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), analisou em entrevista para a Sputnik Brasil os desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia. O especialista destacou os avanços russos inéditos no Donbass e a dificuldade da Ucrânia em reverter o rumo da guerra, devido à sua dependência internacional e ao impacto do “Padrão OTAN” no campo de batalha.

Para acessar a análise completa de Pérsio Glória de Paula, clique aqui: ‘Padrão OTAN’ dificulta resposta ucraniana e garante avanço russo recorde em Donbass, diz analista

Superioridade russa é obstáculo para OTAN impor zona de exclusão aérea na Ucrânia, diz analista

No dia 16 de maio de 2024, o pesquisador Pérsio Glória de Paula, membro do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), participou de uma análise à Sputnik Brasil sobre a possibilidade de impor uma zona de exclusão aérea no território ucraniano. O especialista, que também integra o Núcleo Avançado de Avaliação de Conjuntura (NAC) da Escola de Guerra Naval (ESG), explicou que, apesar das preocupações da OTAN sobre os avanços das Forças Armadas russas em áreas como Carcóvia, a Rússia não desistiria de utilizar sua Força Aérea em uma zona de exclusão imposta pela OTAN. Isso, segundo ele, levaria a um embate direto entre as duas potências, o que tornaria a implementação dessa zona extremamente difícil e arriscada.

Para acessar a notícia, clique aqui: Superioridade russa é obstáculo para OTAN impor zona de exclusão aérea na Ucrânia, diz analista

 

As relações Rússia-Otan (1991-2023): um breve panorama histórico

Getúlio Alves de Almeida Neto*

 

Trinta e dois anos após a dissolução da União Soviética, observamos o reposicionamento dos 15 países que compunham o bloco, em diferentes contextos e níveis de aproximação ou distanciamento, em relação ao chamado mundo ocidental liderado pelos Estados Unidos. Em específico, a Rússia, oficialmente o Estado sucessor da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), possui um delicado e complexo relacionamento com o assim chamado Ocidente. Nesse sentido, o objetivo do presente texto é apresentar um breve panorama sobre o desenvolvimento das relações entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em específico no que se refere aos temas de Segurança Internacional.

Em 1º de julho de 1991, antes mesmo da dissolução oficial da URSS, teve fim o Pacto de Varsóvia (PV), aliança militar criada em 14 de maio de 1955, durante o governo do líder soviético Nikita Kruschev. A aliança, composta por URSS, Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Hungria, Polônia, Romênia e Albânia (até 1968), fora, sobretudo, uma reação à adesão da antiga Alemanha Ocidental, naquele mesmo ano, à aliança militar ocidental criada em 1949. É nesse contexto que se encontra um dos germes do que viria a ser uma das principais críticas de Moscou aos líderes ocidentais. 

Em 1990, durante o processo de reunificação da Alemanha, um encontro entre o Secretário de Estado dos EUA, James Baker, e o líder soviético, Mikhail Gorbachev, gerou discussão, que perdura até os dias atuais. Conforme a perspectiva dos soviéticos –  alegada pelos russos, como visto por Putin em sua mais recente entrevista com o jornalista estadunidense Tucker Carlson – Baker teria dito à Gorbachev que a OTAN não expandiria “nem um centímetro a mais para o leste”, após o governo soviético ter concordado em retirar suas tropas do território da Alemanha Oriental. A frase foi tema de disputas de narrativas desde então, mas uma série de documentos desclassificados comprovam reiteradas garantias de Baker na conversa com Gorbachev e outros memorandos e comunicações entre líderes europeus que indicariam aos soviéticos que a OTAN não iria incorporar mais Estados à leste. Ademais, a própria continuidade da existência da OTAN sempre foi vista pela Rússia como incongruente no contexto pós-Guerra Fria, uma vez que a aliança havia sido criada justamente para fazer frente à ameaça da União Soviética. Assim, não teriam motivos que justificassem a manutenção do bloco.

Não obstante, as possibilidades de cooperação entre Rússia e os países da OTAN se abriram, sobretudo durante o primeiro mandato de Boris Yeltsin. Assim, algumas iniciativas surgiram nessa direção, tais como: o Conselho de Cooperação Norte-Atlântico (NAAC, na sigla em inglês), criado em 1991  e mais tarde substituído pelo Conselho de Parceria Euro-Atlântico (EAPC, na sigla m inglês), em 1997, e a Parceria para a Paz (PfP, na sigla em inglês), em 1994. Estas iniciativas, ainda existentes, buscavam, como objetivo último, estabelecer uma base de diálogo para promover a confiança e a cooperação bilateral em assuntos militares entre os países da OTAN e os países não-membros da aliança na Europa e Ásia Central, muitos deles ex-repúblicas soviéticas. Além destas iniciativas, a participação de tropas russas em missões de peace enforcement (IFOR, 1995-1996) e peacekeeping (SFOR, 1996-2004) na Bósnia e no Kosovo (KFOR, desde 1999), sob liderança de tropas da OTAN, foram amostras da tentativa de aproximação e cooperação entre o novo Estado russo com o Ocidente. Por último, a assinatura do Ato Fundador em 27 de maio de 1997, no qual havia o reconhecimento mútuo do status de não-adversário entre as partes e a definição de princípios como o interesse comum, reciprocidade, transparência e o conceito de segurança indivisível, materializado na instituição do Conselho Permanente OTAN-Rússia, parecia ser mais um elemento que colocaria fim na lógica de dois inimigos da Guerra Fria. 

Entretanto, dois eventos do ano de 1999 podem ser entendidos pontos de virada na relação entre as partes: o bombardeio da OTAN contra as tropas sérvias durante a Guerra do Kosovo e a segunda expansão da aliança após a Guerra Fria, com a adesão da Tchéquia, Polônia e Hungria, todas ex-repúblicas soviéticas. Críticas foram feitas pelo governo russo à forma como tropas ocidentais intervieram no conflito contra o governo de Belgrado, histórico aliado da Rússia, ainda mais sem a aprovação ou anuência do Conselho de Segurança da ONU (CSNU). Soma-se a isso, o novo conceito estratégico publicado pela OTAN, em 24 de abril de 1999, o qual estabelecia a possibilidade de intervenção da aliança mesmo que não em defesa de um membro que sofrera um ataque, conforme estabelecido no Artigo 5º de seu documento fundador. Além disso, o documento deixava em aberto a possibilidade de futuro alargamento a qualquer país interessado. Como resultado, o governo russo passou a ver menor possibilidade de cooperação com o Ocidente, e a entender que seus interesses não seriam levados em consideração devido à desproporcionalidade das relações de forças militar e econômica entre Moscou e o bloco liderado por Washington. 

Na virada do século, a rápida aproximação de Putin com George W. Bush na esteira dos ataques de 11 de setembro parecem ter sido, novamente, uma tentativa de mostrar a potência russa como possível parceiro estratégico dos EUA na condução das políticas de segurança internacional. Pouco tempo depois, no entanto, novos episódios trouxeram ao Kremlin a dúvida sobre a disposição estadunidense de levar em consideração os interesses russos. A Guerra do Iraque (2003), cuja invasão da coalizão liderada pelos EUA não fora aprovada pelo CSNU; a retirada dos EUA dos Tratado sobre Mísseis Antibalísticos (ABM), em vigor desde de 1972; e uma nova rodada de expansão da OTAN, em 2004 – com a adesão de Bulgária, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Letônia, Lituânia, novamente todas ex-repúblicas soviéticas ou países membros do Pacto de Varsóvia – demonstraram a Putin que o contexto internacional pós-Guerra Fria era, sem dúvida alguma, marcado pela unipolaridade estadunidense e falta de capacidade russa de defender seus interesses ou participar de um concerto global da segurança internacional. Por fim, as chamadas Revoluções Coloridas que depuseram governos mais próximos a Moscou na Geórgia (2003), na Ucrânia (2004) e no Quirguistão (2005), contribuíram para o entendimento do governo russo de que o objetivo final do Ocidente era minar qualquer capacidade de influência russa no seu entorno geográfico. Todas essas críticas foram expostas e principalmente marcadas pelo célebre discurso de Putin na Conferência de Munique, em 2007. 

Depois de 2007, uma série de eventos se avolumaram para contribuir com a piora das relações entre Rússia e os países da OTAN. Através de suas incursões militares na Guerra da Geórgia (2008) e na Guerra da Síria (2011 – atualmente) em defesa do governo de Bashar al-Assad e em lado oposto ao apoio dado pelos EUA aos rebeldes sírios, bem como a anexação da Crimeia pela Rússia (2014), Moscou demonstrou que  não mais hesitaria em empregar suas forças armadas para fazer valer seus interesses em oposição aos interesses de norte-americanos e europeus. Em paralelo a este cenário, a divulgação de novos documentos oficiais de defesa e política externa da Rússia evidenciaram o aumento da insatisfação de Moscou com a contínua expansão do bloco ocidental e a definição da OTAN como principal ameaça ao país

De 2009 a 2020, outras três rodadas de expansão da OTAN incluíram a adesão de Albânia, Croácia, Montenegro e Macedônia do Norte. Da perspectiva russa, a promessa feita pelos líderes ocidentais a Gorbachev estava claramente sacrificada. Não somente houve uma expansão à leste, como também uma incorporação considerável de novos Estados que anteriormente estavam sob influência de Moscou. Por fim, a invasão russa à Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 e a continuidade da guerra parecem ter colocado um fim, ao menos no presente momento, de qualquer possibilidade de cooperação entre Moscou e o bloco com sede em Bruxelas. Evidência principal dessa afirmação são as adesões de Finlândia e Suécia, tradicionais países neutros, à OTAN. 

De tal forma, a indefinição sobre as possibilidades de cooperação entre Rússia e OTAN caracterizadas pelo otimismo e institucionalização de iniciativas nos anos 1990 foi, ao longo do tempo, dando espaço a uma crescente certeza do status de adversários geopolíticos com interesses divergentes até chegar em seu momento mais crítico com a Guerra da Ucrânia. Nesse sentido, o questionamento sobre a validade da manutenção da OTAN enquanto aliança militar que fora criada na lógica da Guerra Fria é, ao mesmo tempo, a origem dos confrontos indiretos entre as duas partes e a justificativa para sua continuidade em meio a um cenário politicamente conturbado e marcado por guerras. 

 

*Getúlio Alves de Almeida Neto é doutorando e Mestre em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais “San Tiago Dantas” (Unesp/Unicamp/Puc-Sp). Bolsista FAPESP. Pesquisa na área de Defesa e Segurança, com enfoque na reestruturação militar russa pós-soviética como instrumento de projeção de poder e a política russa para o Ártico. Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Estadual de São Paulo “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP, campus de Franca – SP). Pesquisador e membro-fundador do CIRE (Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético).

Imagem: History of Nato enlargement. Por: Creative Commons 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALMEIDA NETO, Getúlio. Manifesto Moscou: o Conceito de Política Externa russa de 2023 urge um mundo multipolar. Disponível em: https://gedes-unesp.org/manifesto-moscou-o-conceito-de-politica-externa-russa-de-2023-urge-um-mundo-multipolar/. Acesso em: 14 fev. 2024.

CARLSON, Tucker. Exclusive: Tucker Carlson Interviews Vladimir Putin. Youtube, 8 de fev. 2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fOCWBhuDdDo&t=3s. Acesso em: 11 mar. 2024

NATIONAL SECURITY ARCHIVE . NATO Expansion: What Gorbachev Heard. Disponível em: https://nsarchive.gwu.edu/briefing-book/russia-programs/2017-12-12/nato-expansion-what-gorbachev-heard-western-leaders-early. Acesso em: 14 fev. 2024.

NATO. The Alliance’s Strategic Concept (1999). 24 April 199. Disponível em: https://www.nato.int/cps/en/natohq/official_texts_27433.htm. Acesso em: 14 fev. 2024.

NATO. Topic: Euro-Atlantic Partnership Council. Disponível em:https://www.nato.int/cps/en/natohq/topics_49276.htm. Acesso em: 14 fev. 2024

NATO. Topic: Partnership for Peace programme Disponível em: https://www.nato.int/cps/en/natohq/topics_50349.htm. Acesso em: 14 fev. 2024

PRESIDENT of Russia. Speech and the Following Discussion at the Munich Conference on Security Policy. 10 Feb. 2007. Disponível em: http://en.kremlin.ru/events/president/transcripts/24034. Acesso em: 14 fev. 2024.

 

The 2014 Russian Invasion of Crimea: Identity and Geopolitics

O artigo de Alexandre Fuccille e Danielle Makio, membro do CIRE, examina os motivos geopolíticos e identitários por trás da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014. A pesquisa revela como o projeto político de Vladimir Putin se aprofundou em sua rivalidade com o Ocidente e no uso da memória histórica para fortalecer a posição da Ucrânia na agenda russa. A expansão da OTAN e o papel da identidade estatal são elementos chave na análise, que pode ser acessada integralmente no artigo completo.

Geopolítica e identidade: dimensões do conflito russo-ucraniano

Danielle Amaral Makio*

     Gabriela Aparecida de Oliveira**

Helena Salim de Castro***

Em fevereiro de 2022, Vladimir Putin deu início a um conflito militar na Ucrânia. A decisão do presidente vem anos após a anexação da Crimeia em 2014, ano em que a soberania do Estado ucraniano também foi colocada em xeque pelo Kremlin. Agora, Moscou volta a marchar sobre solo ucraniano, alegando, inicialmente, a necessidade de enviar apoio tático às regiões separatistas do leste, que, segundo o presidente russo, estariam sob intenso ataque de Kyiv, assim como a necessidade de “desnazificar” o país vizinho. O conflito atual chama atenção por sua rápida escalada e pela simultânea guerra de narrativas entre os atores envolvidos. Se de início os objetivos russos pareciam ser claros e geograficamente localizados, agora, semanas após o estopim dos embates, as justificativas iniciais de Putin já não parecem suficientes para compreender os motivadores que levaram a Rússia a iniciar e expandir sua operação sobre todo o território da Ucrânia. A disputa discursiva que se estabelece sobretudo entre Rússia e Ocidente sugere que o universo de razões que explica a guerra que agora se desenrola é muito mais amplo do que afirma o Kremlin. Para proporcionar um debate mais informado acerca das muitas dimensões do conflito russo-ucraniano, buscaremos responder ao seguinte questionamento: quais são as razões que justificam a decisão de Putin pela guerra?

A posição geográfica estratégica da Ucrânia e a localização da base militar russa de Sebastopol justificam o interesse militar de Putin sobre o país, que permite o acesso russo a mares quentes e à Europa ocidental. Além disso, a Ucrânia é hoje o principal local de passagem de dutos que conectam a produção de Moscou ao seu maior consumidor, a União Europeia. Ademais, os laços históricos compartilhados por ambos os países envolvidos na guerra atual são também usados pelo Kremlin como elemento discursivo para justificar a invasão. Nesse contexto, a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a manutenção dos separatismos ucranianos no leste são recorrentemente usados por Moscou para justificar suas ações militares. À luz destas e de outras questões, a opção russa pelo atual conflito pode ser compreendida por meio  de um viés geopolítico/econômico e também a partir de um ponto de vista ideológico/identitário (LAURELLE, 2019; TOAL, 2017). 

Em 2014, temendo que o novo governo ucraniano pró-Ocidente pudesse aprofundar políticas discriminatórias que prejudicassem a livre expressão étnica e cultural das populações russas, e em vista da anexação da Crimeia, movimentos separatistas se mobilizaram em Donbass. É neste contexto que surgem as repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk, as quais, discursivamente apoiadas por Moscou, lutam por secessão em relação à Ucrânia desde então. A partir disso, o fracasso parcial dos acordos de Minsk e as recorrentes denúncias de quebra do cessar-fogo por parte dos separatistas e de Kyiv impuseram novos desafios ao compêndio e permitiram a manutenção dos irredentismos que viriam a justificar a invasão russa (KUBICEK, 2008).

A resposta de Lugansk e Donetsk à eleição de um governo pró-Ocidente na Ucrânia em 2014 tem, ainda, relações com outra questão central para o entendimento do atual conflito que se estende entre Moscou e Kyiv: o papel do Ocidente. A deposição de Viktor Yanukovich, político pró-Rússia, e a reorientação da política nacional a Oeste trouxeram à tona o aumento da influência ocidental sobre a Ucrânia e sobre todo o exterior próximo russo. O interesse ucraniano em integrar a União Europeia e a sinalização estadunidense acerca de uma possível integração do país à OTAN, nesse ínterim, ressoaram nos recentes discursos de Vladimir Putin acerca da expansão irrestrita da aliança ocidental. Em diversos momentos, o presidente russo reiterou receio acerca da aproximação do Ocidente, que desde o fim da URSS vem integrando cada vez mais países do leste e centro europeus à sua zona de influência, cerceando a Rússia do ponto de vista geopolítico. 

Uma possível adesão da Ucrânia aos blocos ocidentais aqui destacados representa uma ameaça ainda mais séria para a Rússia tendo em vista a quantidade de dutos russos que atravessam o território ucraniano e a posição geográfica do país, que não somente representa a “entrada” para a Europa, mas também dá acesso ao Mar Negro. Dessa maneira, a expansão das operações militares russas para além do leste ucraniano é, para Vladimir Putin, uma opção estratégica por conta da relevância do território ucraniano em sua totalidade. Além disso, uma presença russa mais ampla concede maior influência do país sobre o futuro da política ucraniana na medida em que oferece ao Kremlin maior margem para fazer uma série de exigências a Volodomyr Zelensky, tais quais: (i) a garantia de que a Ucrânia não irá aderir à OTAN; e (ii) a desmilitarização da Ucrânia (TOAL, 2017).

Outra característica que distingue o lugar da Ucrânia para a Rússia diz respeito à sua posição na formação da identidade russa atual. Ao longo das mais de duas décadas na liderança do Kremlin, Vladimir Putin alterou pontos-chave na construção da narrativa política que embasa suas decisões no comando russo. Destes, dois são especialmente importantes para que possamos compreender o conflito atual: (i) a oposição do Ocidente; e (ii) a noção de “mundo russo/eslavo”. O primeiro diz respeito à rivalização com atores como Estados Unidos e União Europeia. Ainda que nos primeiros anos na presidência Putin tenha tentado acomodar a Rússia ao mundo ocidental, sua abordagem progressivamente deu lugar a um discurso de alterização do Ocidente, que passa a ser considerado a ameaça absoluta à segurança ontológica russa. Assim, eventos como a expansão da OTAN em direção à fronteira russo-ucraniana tornam-se especialmente preocupantes e ganham novas dimensões em meio à postura anti-ocidental promovida por Moscou (SECCHES; BERNARDES; ROCHA, 2021).

Junto da rivalidade em relação ao Ocidente, a atual identidade russa promovida oficialmente conta com uma interpretação muito particular de povo e território. Nesse contexto, Putin tem um apelo muito grande aos russos étnicos que não habitam os limites territoriais de seu país e aos povos eslavos. Segundo o discurso oficial de Moscou, é dever da Rússia prestar ajuda a todas essas comunidades, as quais, segundo o comando do Kremlin, são parte da nação e do Estado  russos. Considerando a composição étnica da Ucrânia, tal abordagem ideológica/estatal reitera o local de destaque da Ucrânia na política moscovita. Este fato é ainda corroborado pela narrativa histórica de Putin, que concede grande importância ao episódio do nascimento de ambos os Estados, que partilham um mito fundador único que remonta à Rus Kievana do século VIII, primeira formação política de povos eslavos.

A complexidade do conflito russo-ucraniano em curso reside na sobreposição de fatores geopolíticos e identitários. Se por um lado a Rússia não está disposta a ceder sua influência sobre a Ucrânia por conta da localização e da relevância econômica do país; por outro, Putin também depende do vizinho para legitimar a identidade que busca performar na comunidade de Estados. A incursão sobre o território ucraniano, nesse contexto, permite ao Kremlin não somente corroborar a antagonização do Ocidente, mas, também, reiterar seu papel de grande protetor do povo russo e afirmar a posição da Rússia como um importante agente decisor na política internacional. O entrelaçamento de fatores e interesses em jogo dificulta o sucesso das diversas tentativas de negociação e, enquanto ambos os países não acordam um fim para a guerra, observamos a escalada dos conflitos e, consequentemente, da violência contra os civis. Nesse contexto, as reportagens sobre centenas de corpos pelas ruas de Bucha e do recente ataque de mísseis russos em uma estação ferroviária no leste da Ucrânia evidenciam o lado mais terrível da guerra, que acomete a vida de centenas de civis e impulsiona um cenário de violência e violações de direito que é atravessado por questões raciais e de gênero. 

 

*Danielle Makio é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (Unesp, Unicamp, Puc-SP) e bolsista Erasmus Mundus no programa International Master in Central and East European, Russian and Eurasian Studies, na Universidade de Glasgow.

**Gabriela Aparecida Oliveira é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (Unesp, Unicamp, Puc-SP). Pesquisadora do Iaras – Núcleo de Estudos de Gênero do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Iaras-Gedes) e do Grupo de Pesquisa em Gênero e Relações Internacionais MaRIas do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP).

***Helena Salim de Castro é doutora e mestre em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, Puc-SP). Pesquisadora do Gedes, do Iaras-Gedes e do Núcleo de Estudos Transnacionais da Segurança (NETS).

Imagem: Bandeiras da Rússia e da Ucrânia, por iStock.

Referências 

KUBICEK, Paul. The History of Ukraine. Westport: Greenwood Publishing Group, 2008.

LAURELLE, Marlene. Russian Nationalism: Imaginaries, Doctrines, and Political Battlefields. New York: Routledge, 2019.

SECCHES, Daniela Vieira; BERNARDES, Marina Nunes; ROCHA, Pedro Diniz. A Construção do Pensamento sobre o Internacional na Rússia: identidades, projetos político-pragmáticos e o Ocidente. Carta Internacional: Belo Horizonte, v. 16, n. 1, e1000, 2021.

TOAL, Gerard. Near Abroad: Putin, the West, and the contest over Ukraine and the Caucasus. New York: Oxford University Press, 2017.

A look at the UK’s strategic partnership with Ukraine

 

A version of this article was first published at the UK Defence Journal in December 2021

João Vitor Tossini

 

The UK’s defence relationship with Ukraine experienced a sharp growth in the aftermath of the Russian annexation of Crimea in 2014, including the delivery of British military equipment and training. The 2016 British decision to leave the European Union led to the “Global Britain” foreign policy, which became the framework of the British engagement with Ukraine. Aiming to reaffirm the country’s leadership at the North Atlantic Treaty Organization (NATO), while seeking new partners and allies beyond the European Union, the new British foreign policy engaged in a path of increasing political and defence cooperation with Ukraine.

During the first years of Ukrainian independence, the British Government would work closely with Ukraine, the United States, and Russia on the future of the Ukrainian, Belarus, Kazakhstan nuclear arsenals inherited from the Soviet Union.  In 1994, the three powers agreed to provide security assurances against the use of force or threats against the territorial integrity and independence of Ukraine, Belarus and Kazakhstan in exchange for their adherence to the Treaty on the Non-Proliferation of Nuclear Weapons (TNP). This accord was known as the “Budapest Memorandum on Security Assurances”, and between 1994 and 1996, Belarus, Kazakhstan and Ukraine gave up their nuclear weapons (MARTEL, 1998). 

In 2008-2009, Ukraine’s attempts to achieve closer cooperation ties with the European Union received British support while intensifying defence collaboration with Britain, which the Ukrainian Government saw as a possible supporter of Ukraine’s ambition to initiate a NATO Membership Action Plan. Within this context, Britain and Ukraine signed a Joint Statement in 2008 declaring for the first time the “strategic” character of their bilateral relations.

Nevertheless, between 2009 and 2013, the British position changed after Ukraine opted for “non-alignment” in 2009. Following this Ukrainian foreign policy shift, Britain focused on supporting the advancement of the Association Agreement between Ukraine and the European Union (EU). However, in November 2013, the Euromaidan movement erupted in Ukraine, especially in the Western part of the country, mainly in response to president Viktor Yanukovych’s refusal to sign the European Union–Ukraine Association Agreement. The refusal came after previous postponements and was seen as an attempt to appease and maintain close ties with Russia, Ukraine’s largest trading partner. On 22 February 2014, the parliament voted to relieve Yanukovych from his duties. 

These events highlighted divisions within Ukraine’s society and quickly involved Russia. Moscow justified its intervention as a safeguard for the Russian minority in Ukraine. The Russian Government stated that it did not recognise the new administration in Kyiv (AVERRE; WOLCZUK, 2018). On 27 February, unmarked Russian soldiers took control of the Crimean local government, forcing the regional parliament to replace its Prime Minister for the pro-Russian politician Sergey Aksyonov. The Crimean Peninsula, including the strategic naval base at Sevastopol, leased to Russia since 1991, was formally annexed by the Russian Federation on 21 March (AVERRE; WOLCZUK, 2018).

As one of the three “guarantors” of Ukraine’s sovereignty and territorial integrity, through the Budapest Memorandum (1994), the UK had a particular responsibility when the Russian intervention occurred. The UK supported the change of government in Kyiv and opposed the Russian intervention in Ukrainian affairs. Despite that, witnesses contributing to a Houses of Parliament report in 2015 considered the initial British response “hesitant”. Thus, the unfolding events in Ukraine raised concerns and negative criticism concerning the British Government’s initial response. It can be argued that the budget cuts laid out by the 2010 Defence Review still had a significant impact on the British defence and foreign policy.

As the crisis unfolded, the British Government adopted an active role. Britain presented itself as a leading supporter of collective sanctions against Russia through the EU and the Group of Seven (BIELIESKOV; SOLODKYY, 2017). The British Government also performed a crucial role in the approval of the General Assembly resolution on Crimea. In March 2014, the UK declared that it regarded the annexation of Crimea as illegal and would maintain a position of support for Ukraine’s sovereignty and territorial integrity. This statement remains the cornerstone of the British bilateral relationship with Ukraine. 

Since 2014, the UK has sought to enhance its economic and defence cooperation with Ukraine while improving the Ukrainian position as a nation capable of containing the conflict with the Russian-backed insurgents in the far Eastern part of the country (BIELIESKOV; SOLODKYY, 2017). During the NATO Wales Summit of 2014, Britain also acted to alleviate fears in southern members of NATO that the Baltic States were exacerbating the Russian threat, opening the path for a final collective statement favourable to Ukraine (DEVANNY, 2017). Following Brexit, this trend gained pace and Ukraine could become a special partner within the scope of the “Global Britain” policy (UNITED KINGDOM, 2021).

Beyond the support within NATO, Britain initiated “Reform Assistance Programmes” in Ukraine to improve local governability, while supporting economic reforms. These initiatives would indirectly support enhanced trade arrangements between the two nations (BIELIESKOV; SOLODKYY, 2017). In October 2020, Britain and Ukraine signed a “continuity agreement” adapting the existing Ukraine-EU Trade Agreement into an Anglo-Ukrainian version. Furthermore, the “Political, Free Trade and Strategic Partnership Agreement” updates and formalises the strategic partnership between the UK and Ukraine (VOROTNYUK, 2021).

Concerning Defence cooperation, since the Russian annexation of Crimea, seeking international assistance to strengthen its defence capabilities has been a priority of the Ukrainian Government. In Ukraine, expectations of British military assistance have been high as Britain remains one of the two signatory powers that still commit to the Budapest Memorandum of 1994. Supporting these expectations lies the fact that before the 2014 Crisis, Britain had been an active partner of Ukraine, leading programmes between 2009 and 2014 to enhance Ukraine’s military command, control and communication systems while conducting joint training exercises (BIELIESKOV; SOLODKYY, 2017). Therefore, during the 2014 NATO Summit, Britain was chosen as the leading partner in the Alliance’s Trust Fund to improve the Ukrainian forces’ command, control, and communications (DEVANNY, 2017; VOROTNYUK, 2021). 

Moreover, the UK supports Ukraine through direct bilateral military aid. In late 2014, London supplied the first wave of military equipment and logistical assistance to Kyiv. In March 2015, Britain announced a package of non-lethal equipment to Ukraine. Concurrently, the British Government approved the deployment of military advisers to train the Armed Forces of Ukraine. In 2017, the British training programmes prepared the most significant contingent of troops for the Ukrainian military. The 2016-2017 period witnessed the British shift from military material aid to training local troops. Between 2015 and 2021, the operation – called Operation Orbital – trained more than 21,000 Ukrainian personnel (VOROTNYUK, 2021).  

Avoiding a direct association with the ongoing military conflict in Eastern Ukraine, the sites used by the British personnel were located far from the areas of armed conflicts. Additionally, in 2016 the two countries agreed on a Memorandum of Understanding about the bilateral defence and security cooperation. This 2016 Memorandum represented the increasing Ukrainian confidence that Britain remains an actor in the region despite Russian pressures and led to the 2020 Free Trade and Strategic Partnership Agreement previously mentioned. With British diplomatic support, Ukraine achieved NATO’s “Enhanced Opportunity Partner” status in June 2020, which grants “enhanced access to interoperability programmes and exercises, and more sharing of information”.

After March 2014, the Black Sea has witnessed an increasing British naval presence. Romania and Bulgaria received British personnel through NATO’s Multinational Divisional Headquarters (South-East) and Force Integration Units. Between January 2018 and October 2021, the Royal Navy and Royal Fleet Auxiliary vessels spent roughly 50 days every year on a rotational basis on the Black Sea (VOROTNYUK, 2021). These deployments are symbols of the British strategy to reinforce NATO’s Eastern flank while displaying its support for Ukraine’s sovereignty and territorial integrity. However, this increasing British military presence in the Black Sea led to diplomatic tensions with Russia.

In September 2020, the British Government announced that its training contribution through Operation Orbital would expand to include maritime capacity-building. Thus, the UK  led a multinational Maritime Training Initiative (MTI) for the Ukrainian Navy. In the same month, British paratroopers and their Ukrainian counterparts participated in joint exercises (Exercise Joint Endeavour). Flying direct from Britain and parachuting into the south of Ukraine, British paratroopers participated in the drill, considered the largest of its kind within a decade (VOROTNYUK, 2021). The exercises of 2020 highlighted Britain’s ability to independently project military power over Ukraine.

Since the establishment of the MTI, the British-led naval training initiative resulted in a similar British-led effort to enhance Ukraine’s naval capabilities. This new phase of defence cooperation was initiated by the Memorandum of Intent of October 2020 signed by the British Defence Secretary and his Ukrainian counterpart on board the British aircraft carrier HMS Prince of Wales. According to the British Government, one of the main points of the Memorandum concerns the GBP 1.25 billion on terms from UK Export Finance – the UK’s export credit agency – for Ukrainian naval projects. Britain would build “missile cruisers” and other ships in line with NATO standards to aid the naval forces of Kyiv (TOMS, 2020). 

 On 21 June 2021, during HMS Defender’s visit to the Black Sea as part of the British Carrier Strike Group Deployment, Britain and Ukraine signed a Memorandum of Implementation. In short, Britain secured the following projects: (1) “Missile sale and integration on new and in-service Ukrainian Navy patrol and airborne platforms”; (2) “The development and joint production of eight fast missile warships”; (3) “The creation of a new naval base on the Black Sea as the primary fleet base for Ukraine and a new base on the Sea of Azov”; (4) Sale of two mine countermeasure vessels; (5) participation in the Ukrainian project to deliver a new generation of frigate capability; and (6) shipyards regeneration plans (UNITED KINGDOM, 2021a).

Two days after the signing of the Memorandum of Implementation on board HMS Defender, this Royal Navy Type 45 Destroyer performed freedom of navigation patrol through the disputed waters of Crimea. The “diplomatic incident” between the British vessel and Russian patrol boats and aircrafts resulted in renewed tensions with Moscow. The Ministry of Defence of the Russian Federation alleged that its patrol boats fired warning shots and Sukhoi Su-24 “dropped bombs” in the path of HMS Defender after the ship entered Crimea’s territorial waters. The British Ministry of Defence denied these claims and stated that the shots were fired three miles astern and could not be considered warning shots. HMS Defender kept its planned course arriving in Batumi, Georgia, on 26 June. 

Considering that the British Government recognises only the Ukrainian authority over Crimea and the customary route between the Ukrainian port of Odesa and Batumi includes passing near Crimea, the decision also involved not displaying weaknesses or some degree of recognition to the Russian presence. The “incident” also highlights that Russia avoided the risk of direct military confrontation in the Black Sea with the UK and other NATO members beyond the assertive rhetoric and behaviour. In comparison, the Kerch Strait incident of 2018 resulted in the Russian capture of three Ukrainian military vessels

Britain’s planned military deployments to the Black Sea and Ukraine suffered no changes after HMS Defender’s incident. While the Royal Navy reinforced the British support for Ukrainian territorial integrity near Crimea, British and Ukrainian forces led the multinational “Cossack Mace” land exercises in that same month. During two weeks in June 2021, these exercises rehearsed a joint response to a potential aggressor state seizing and controlling Ukrainian territory. Shortly after, HMS Defender took part in the annual Sea Breeze naval drills in the Black Sea, reaffirming the traditional British naval presence in this annual exercise (VOROTNYUK, 2021).

Therefore, since 2014 the British-Ukrainian bilateral relations have entered an ascending path. The UK has achieved a unique position within Ukraine’s foreign policy as one of the country’s closest and most committed partners, only surpassed by the United States. London has been an active supporter of increasing Kyiv’s integration with NATO while seeking to improve its military presence in the eastern flank of the Alliance, particularly in the Baltic nations and the Black Sea. Since 2015, British forces have trained thousands of Ukrainian personnel every year and performed regular joint land and naval exercises. Lastly, the UK continues to recognise Ukrainian sovereignty over Crimea. 

In conclusion, looking for new international partnerships since 2014, Ukraine has found one of its prominent supporters in successive British Governments. In addition, the UK remains seen by Russian defence specialists as a major actor “willing to go to the edge” for Ukraine and the international rules-based system while having “fewer reservations about confronting Russia than some other European NATO member states”. One example is the British arms supply to Ukraine, that remained in place even after the UK changed its emphasis to training local forces. Concerning Britain’s point of view, the British Government has in Ukraine one of its strategic partners for the Global Britain foreign policy that searches for new allies beyond the EU. Enhancing ties with Ukraine is a way for the British Government to display how the UK can reaffirm its position as the leading European contributor to the security of the Euro-Atlantic area and major supporter of the international rules-based system.

 

References

AVERRE, Derek; WOLCZUK, Kataryna. The Ukraine Conflict: Security, Identity and Politics in the Wider Europe. London: Taylor & Francis, 2018.

BIELIESKOV, Mykola; SOLODKYY, Sergiy. Foreign Policy Audit: Ukraine-United Kingdom. Kyiv: Institute of World Policy, Discussion Paper. 2017.

DEVANNY, Joe. UK National Security Decision-Making in Context: The Ukraine Crisis and NATO’s Warsaw Summit Meeting. Ridgeway Information, 2017.

KUZIO, Taras. The Crimea: Europe’s Next Flashpoint. Washington DC: The Jamestown Foundation. November 2010.

MARTEL, William C. “Why Ukraine gave up nuclear weapons: non-proliferation incentives and disincentives”. In SCHNEIDER, Barry R.; DOWDY, William L. (eds.). Pulling Back from the Nuclear Brink: Reducing and Countering Nuclear Threats. 1998.

TOMS, Bate C. Britain and Ukraine unveil new strategic partnership. Atlantic Council. 13 October 2020. 

UNITED KINGDOM. Ministry of Defence. Global Britain in a Competitive Age: The Integrated Review of Security, Defence, Development and Foreign Policy. Ref: CP 403. March 2021.

UNITED KINGDOM. Ministry of Defence. UK signs agreement to support enhancement of Ukrainian naval capabilities. Press Release, June 2021a. 

VOROTNYUK, Maryna. Security Cooperation between Ukraine and the UK. Royal United Services Institute (RUSI). 10 November 2021. 

 

* João Vitor Tossini é doutorando em Relações Internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP).

Imagem: Desfile de tropas britânicas em Kiev, 2017 (British Embassy Kivy, Crown Copyright).